Frank Oz já tem garantido seu espaço na memória de todo bom cinéfilo pelo seu desempenho como um dos personagens mais marcantes do cinema hollywoodiano: é dele a voz de Yoda, o sábio mestre jedi de frases invertidas da saga STAR WARS. Mas além de dublador (nos seus créditos aparecem participações em filmes como ZATHURA e MONSTROS S.A. e em séries como VILA SÉSAMO e OS MUPPETS), Oz é um cineasta de extenso currículo, responsável por sucessos como NOSSO QUERIDO BOB e OS PICARETAS e fracassos como A CARTADA FINAL e MULHERES PERFEITAS. E depois desse último desastre, que quase acabou com a carreira de Nicole Kidman, decidiu se refugiar na Inglaterra para dirigir uma legítima comédia britânica de baixo orçamento, sem grandes astros, porém com um humor muito mais corrosivo e sarcástico, mas, ainda, contando com um previsível final feliz, mesmo que às avessas. E ele até que se sai bem!
Após a morte do pai, Daniel (Matthew MacFadyen, de ORGULHO & PRECONCEITO) tem como principal preocupação realizar um serviço fúnebre à altura. Mas ele não tem somente isso em mente: há o que fazer com a mãe, os anseios da esposa que quer se mudar e o irmão (Rupert Graves, de V DE VINGANÇA), famoso romancista, que está vindo dos Estados Unidos para a ocasião. E, claro, em receber bem todos os parentes que também devem marcar presença para um último adeus.
Entre estes está a prima decidida em se casar com o namorado, mesmo contra a vontade do pai. E, para acabar com o nervosismo do rapaz, que irá enfrentar o futuro sogro, ela lhe dá uns tranquilizantes pegos ao acaso na casa do irmão, que estuda farmácia. O que ela não sabe é que aqueles comprimidos não são calmantes, e sim ecstasy. Com isso dá pra se ter uma idéia do que o coitado irá aprontar durante a cerimônia, de alucinações sobre sons vindos de dentro do caixão até terminar completamente nu desfilando pelo telhado da casa!
Mas a maior confusão estará representada por um ilustre desconhecido - um anão (Peter Dinklage, de O AGENTE DA ESTAÇÃO). E ele está ali por um motivo que provocará choque e surpresa: ele era amante do falecido! Portado de fotos que comprovam a relação homossexual paterna que ninguém desconfiava, ele exige fazer parte daquela união familiar - caso contrário seu silêncio até poderia ser providenciado, mas a um alto preço!
Confusões, desentendimentos, trapalhadas, enganos e outros previsíveis clichês do gênero "reencontro de família" estão presentes. O que fará o diferencial é a forma impiedosa como eles se apresentam: praticamente ninguém chegará ao fim desta reunião ileso, sem que sua honra - ou mesmo crença - seja abalada. Com um elenco bastante coeso e com um bom timing para este tipo de comédia, um roteiro bem estruturado e sem vergonha de usar suas próprias obviedades a seu favor, Frank Oz consegue voltar a um gênero que domina com precisão (é dele também o ótimo - e superior - SERÁ QUE ELE É?), confrontando preconceitos e verdades absolutas com graça e ironia. E o resultado, apesar de pouco memorável, acaba sendo melhor do que se poderia esperar.
Death at a Funeral, EUA/Reino Unido/Alemanha/Holanda, 2007
(nota 6,5)
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